Lembranças da Puxada de Rede

O ano era 1990. Batismo Capoeira Palmares Sul. Lona Azul. Aterro da Baía Sul.

E lá se vão mais de trinta anos…

“O que me deram para levar, pra Dona Janaína Sereia do Mar. Pente de osso, laços de fita, pra Dona Janaína que é moça bonita…”

Das memórias do Alemão:

“…Eu vi algo pela primeira vez no Solar do Unhão em Salvador com o Mestre Dinho, numa apresentação para turistas. Depois conheci outra com o Mestre Khorvão no Rio de Janeiro, numa “Noite Negra” com o Mestre Levi. O pessoal do Grupo Senzala também fazia. Depois o Mestre Marlon escreveu as músicas e o Dentinho de Canoas – RS conseguiu outras, e montamos juntos uma primeira versão em Canoas – RS. Usamos músicas dos discos ‘Galo Já Cantou’ do Nestor Capoeira, também do ‘Eu Bahia’ de Dorival Caymmi. A montagem que fizemos era bem diferente do que tinha visto, com mais teatralidade, da maneira como fizemos, creio que tenha sido recriação nossa, com base em algumas que já tinha visto. A primeira vez que apresentamos foi no Mercado Público de Florianópolis e outra na UFSC, depois no Batismo da Lona Azul…”

Os ensaios intensos no Ginásio de Alumínio. A emoção e o Axé da apresentação, a reação do público…

Passado um tempo, o menino se foi para os braços de Yemanjá!

“É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar…”

Josinha

Fórum da Capoeira 10 anos!

Arte: Talita Machado

Dez anos do Fórum da Capoeira da Grande Florianópolis!

Neste mundo desafiador da capoeiragem, de conviver com tantos orgulhos e vaidades, sendo mulher capoeira, vamos resistindo, com persistência e um bocado de teimosia. Mas foi no Fórum da Capoeira que pude encontrar nos/as camaradas de luta, um alento, de ter sonhos realizados de ver a capoeiragem mais unida e os/as capoeiras mais politizados.

Foram muitos eventos realizados, “Semanas da Capoeira”; “Rodas da Cidade”; “Mapeamento Social da Capoeira”; “Curso de Educação Popular de Capoeira Abre os Zóio Siri de Mangue”, entre outros… ´Na Luta pela Capoeira, superando as bandeiras, linhagens e estilos.

Sou feliz e agradecida pelas conquistas e por tantos momentos vividos! E por poder estarmos juntos/as com camaradas amados/as nas Rodas da Vida!

Força na Luta Camaradas!

Carnaval

“Ô abre alas que eu quero passar…”

Com o verso desta marcha rancho de Chiquinha Gonzaga, dou início ao relato de tantas emoções que vivi no carnaval deste ano!

Pelo Clube da Cuíca, continuamos no trabalho de divulgação da atuação das nossas choronas na Ilha de Santa Catarina. Ensaios; desfile da Volta à Praça XV; desfiles técnicos na passarela; encontro do Clube da Cuíca no Berbigão do Boca; saída com a capoeiragem nos blocos afros; desfile em duas alas de cuíca na Passarela Nego Quirido (nas escolas Dascuia e Acadêmicos do Sul da Ilha), desfile na ala das Baianas da Unidos da Coloninha; Cordão da Antonieta!

Foram momentos de grandes aprendizados e muita alegria!!!

Viva o Carnaval! Viva a Cultura Popular!

Foto: @jenny_alvesv Publicada no Mulheres no Ritmo

Toque de Iúna para JB!

Hoje meu berimbau tocou Iúna…

Para meu Camarada!

Partiu no dia que a Ilha estava em festa. No dia de Yemanjá!

Agora és Ancestral!

Vai poetizar junto ao Cruz e Sousa!!!

Estarás sempre em nossos corações e nas nossas memórias!

Valeu Camarada por toda tua luta pela nossa Cultura Popular!

Ontem minha chorona roncou em tua homenagem!

Vá na Paz!!!!

JB Presente!!!

Foto: Joaquim Corrêa

Orgulho e Vaidade

Vez em quando me perguntam se é difícil ser mulher na capoeira.

Não é fácil ser mulher, mãe, professora, dona de casa e ainda ser capoeira! Muitos são os desafios para superar.

Mas digo que mais difícil do que ser mulher na capoeiragem, é saber lidar com as vaidades e orgulhos dos/as camaradas, E eu me incluo nisso! Como posso me libertar destes sentimentos?

A “Estrada é boa Mestra” como diz o lema da Semana da Capoeira deste ano. Mas nesta trajetória acumulei muitas mágoas, decepções e rasteiras que levei na capoeiragem, principalmente dos/as manos/as mais próximos/as. Esse acúmulo de ressentimentos faz mal, não pra eles/as, mas para mim mesma!

Estou decidida a esquecer as mágoas, decepções e rasteiras, para que a vida fique mais leve. Não olhar para trás e seguir “Sempre em Frente”. Me libertar do orgulho e da vaidade. Ir para as rodas para vadear e estar com os/as amigos/as.

Sem medo de ser feliz!

Samba da Antonieta

Antonieta de Barros, nossa heroína brasileira!

Nome inspirador para o melhor samba da cidade.

Estar nesta roda de samba me faz esperançar por dias melhores para o nosso país, para que o nosso povo tenha mais dignidade, alegria e direitos.

A música, assim como a nossa cultura popular, tem um grande poder na luta por mais justiça social.

Amo e sou muito fã desses/as sambistas da mais alta qualidade.

Só Bambas!

Muito agradecida por esta energia que ilumina a vida de tanta gente!

Fotos: Joaquim Corrêa